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Inspiração - Up

por Catarina d´Oliveira, em 23.06.15

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Quando ontem olhei para o lado e vi o meu sobrinho de seis anos vidrado no universo mágico criado pela Disney Pixar em INSIDE OUT, voltei a lembrar-me das valências imensuráveis que a arte que enumeramos de sétima nos oferece.

 

Recordei-me, em particular, como a prática da perfeição foi tornando o Cinema de Animação cada vez mais emocionalmente robusto e um crescente pilar na formação psicossocial e cognitiva dos mais novos e uma fonte de inspiração única para os adultos. É um género especial, e insuspeitamente poderoso, porque permite o aproveitamento da inocência da pureza para nos instigar sentimentos e sensações positivamente reformadoras.

 

Foi nesse sentido que, quando decidi iniciar uma nova rubrica no Happiness dedicada a Inspirações artísticas para a vida – no Cinema, na Música, na Literatura, etc – considerei que era não só de vital importância abrir as hostes com a insustentável leveza da animação como era imperativo que o primeiro objeto de exploração fosse um que tanta humildade, vontade, perseverança e amor me tenha inspirado.

 

Realizado por Peter Docter, UP emergiu de uma incubadora ativa que nos habituou à maravilha. Em 2009, depois de os bonecos já terem ganho vida em TOY STORY, ou de os monstros planearem assustar-nos em MONSTERS INC ou de um robô solitário ter a tarefa de limpar o planeta que destruímos em WALL.E, parecia que a Disney Pixar não tinha mais por onde escalar.

 

Regressando ao protagonismo humano ausente desde THE INCREDIBLES, seguimos as desventuras de um vendedor de balões de 78 anos que, finalmente, realiza o sonho da sua vida - uma grande aventura, quando prende milhares de balões à sua casa e consegue voar à descoberta da América do Sul. No entanto, o septuagenário Carl Fredricksen vai descobrir, tarde demais, que o seu maior pesadelo também embarcou nesta viagem… um explorador da natureza super otimista de 8 anos chamado Russel.

 

Elevando pela complexidade dramática do enredo, UP não deixa de ser um singular hino à alegria de viver e uma daquelas obras que nos deixa inevitavelmente com um sorriso no rosto quando abandonamos a sala de cinema. É estimulante e divertido, porém inspirador na subtileza das suas mensagens: não há idade para aprender a viver; e às vezes basta fechar os olhos, dar um passo cego e esperar pelo que a vida nos trouxer – e as aventuras podem nem ser aquelas que tínhamos planeado ou idealizado, mas todas elas nos ensinam algo e têm potencialidade de oferecer memórias que nunca esqueceremos.

 

A importância dos sonhos para a motivação pessoal e, posteriormente, para a disponibilização de experiências únicas, de limite, que nos permitem a recontextualização de atitudes e perspetivas de vida é um dos principais temas core, bem como a reflexão sobre as dicotomias da Vida/Morte e Viagem Interior/Exterior.

 

Além da exploração habitual da importância da manutenção das relações humanas como contributo essencial para a construção da noção individual de felicidade, UP elabora ainda sobre o positivismo encontrado entre a troca de experiências entre indivíduos de diferentes gerações e de backgrounds distintos. São os conhecimentos e competências adquiridos em ambas as instâncias que tornam os personagens mais complexos à medida que o enredo se desenvolve, e que espelham a vital importância da interação dinâmica entre nós e uma plenitude de outras pessoas de diferentes idades, origens, classes sociais, religiões. É a partir do convívio, da partilha, da abertura ao conhecimento e da aquisição de experiências que temos possibilidade de nos tornar melhores, mais capazes e, sobretudo, mais humanos.

 

Há uma estranheza indefinida que lhe confere uma maravilha única, difícil de explicar, fácil de sentir. No final de tudo, e num mar de enriquecedoras aprendizagens, destaca-se a inapagável lição da necessidade de desvalorização das superficialidades e no reconhecimento da importância dos verdadeiros objetivos de felicidade e, sobretudo, das relações.

 

Na Era digital que, através de telemóveis, redes sociais e chats propicia cada vez mais o isolamento social, UP ousa desafiar-nos a desenvolver a apreciação da interação humana como a nossa derradeira aventura.

 

E o grito de guerra recorrente não podia ser mais adequado: a aventura está aí!

 

 

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