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Uma Noite Diferente

por Catarina d´Oliveira, em 02.05.14

Não acredito que a juventude esteja perdida - antes pelo contrário - mas lá que às vezes tem pouca imaginação, isso tem.

 

Entre reuniões para copos, para jantares de anos, praias ou para saídas à noite, o tempo que sobra para aparecerem outras ideias é, bom, inexistente. Mas às vezes vale a pena pensar nele, e em alternativas, e fazer coisas diferentes.

 

Ontem convidei um grupo de amigos meus para "uma noite diferente". Como é meu hábito, organizei tudo pessimamente, mas ficou o desejo de repetir - com mais cuidado e planeamento. Mas pondo de parte a natureza pouco preceituada do evento, todos partimos para a noite de ontem com um espírito diferente de todas as outras, e quero acreditar que nos fomos deitar da mesma forma.

 

 

Com mantas às costas, uns sacos de bolachas e um punhado de euros que usamos para nos abastecer de hamburgueres, fomos passear por Lisboa e distribuir o que tínhamos por alguém que realmente precisasse. "Não resolve nenhum dos problemas deles!" dirá muita gente. E evidentemente que não lhes tiro a razão. Mas às vezes estamos tão ocupados a pensar em coisas tão maiores que nós que não paramos para refletir no quão fácil é fazer alguém sorrir ou sentir-se importante e acarinhado.

 

Entre outras pessoas que encontramos e que não conseguimos decorar os nomes, conhecemos o Tony que de cabelo grisalho e camisola gasta do Benfica passava bem por Jorge Jesus, e além da vitória do seu clube ontem ainda levou para "casa" um gesto de amizade de um grupo de putos que se juntou à noite. Também encontramos o Jorge, que com enorme gratidão nos disse "isto foi a coisa mais simpática que fizeram por mim hoje... obrigado". E, claro, não podemos esquecer o Mateus, escritor e poeta, que além de partilhar connosco alguns dos seus escritos e canções favoritas, ainda teve tempo para nos contar sobre a vida honesta que tenta levar na rua, da mulher e a filha que ama, e o vício que ameaçou deitar tudo por terra e finalmente na esperança - em tudo e todos - que é, como nos disse com cara de quem sabe do que fala e do que sofreu, "a última a morrer".

 

Para nós que lá estivemos, também é. Foi, aliás, a esperança que nos juntou ontem e, espero eu, muitas outras vezes. A esperança de coisas melhores para todos, de pequenos gestos que podem mudar a perspetiva de um dia ou uma semana inteira. A esperança de que se formos todos um bocadinho mais simpáticos uns para os outros isto torna-se num lugar muito melhor.

 

Pode não ser sempre assim, ou da forma que melhor o recordamos, mas às vezes é com pequenos gestos que se começa a mudar o mundo.

 

[Na imagem, uma parte do nosso grupo, e o grande Mateus]

 

Aos que se aventuraram comigo ontem - David, Raquel, Jessica, Rita, Margarida, Ana, Tiago, Gonçalo, João - o maior obrigada do mundo não chega.

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